A Associação Médica do Paraná reuniu, entre os dias 29 e 31 de agosto, mais de 110 alunos de duas turmas de Medicina da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná. A Semana Acadêmica, realizada todos os anos, é um módulo especial destinado aos estudantes do décimo período e aborda, em palestras, temas como a realidade atual do mercado de trabalho, responsabilidade civil do médico, judicialização da saúde, gestão organizacional, cooperativismo, atualização científica e relação médico-paciente, entre outros.
Após as boas-vindas aos presentes pelo presidente da AMP, Dr. Nerlan Carvalho, o diretor de Mercado e Comunicação da Unimed Paraná, Dr. Alexandre Gustavo Bley, falou sobre cooperativismo médico. Ele traçou um histórico desde o surgimento deste modelo de organização social até os dias atuais. No Brasil existem, hoje, 6,7 mil cooperativas, com 13 milhões de associados, o que representa 6,2% da população, com geração de 372 mil empregos.
Fez, ainda, um comparativo entre a empresa cooperativa e a mercantil, mostrando também números do mercado de saúde suplementar. São 730 operadoras no país, com 47,3 milhões de beneficiários, dos quais 38% pertencem ao sistema Unimed. Segundo Bley, é o maior sistema de cooperativismo médico do mundo e a 21ª marca brasileira mais valiosa. “A primeira Unimed foi fundada em Santos (SP), em 1967. Atualmente, são 345, com 115 mil médicos cooperados, 2,5 mil hospitais credenciados e 11 próprios”, informou.
Judicialização na saúde
A judicialização na saúde foi o tema abordado pela juíza federal Luciana da Veiga Oliveira, coordenadora do Comitê Executivo da Saúde no Paraná, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A magistrada mostrou os modelos adotados em diversos países e lembrou que o Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil é gratuito, integral e igualitário, sem coparticipação do usuário, com gastos que representam 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2017, os recursos destinados à área foram de R$ 115,3 bilhões.
“Mas, o que é a integralidade que a Constituição Federal prevê?”, indagou. Após citar que os fatores que induzem a judicialização são o subfinanciamento, confiança no sistema implantado, ausência de limites claros e objetivos, falhas na gestão e pressão da indústria, disse que o mais preocupante são as doenças raras e o câncer. Citou como exemplo o caso de um paciente com Distrofia Muscular de Duchenne, enfermidade grave que pode provocar a incapacidade de andar e mortalidade precoce por problemas respiratórios ou cardíacos, que necessita de um medicamento denominado Atalureno, cujo custo anual é de R$ 9,187 milhões. A doença atinge um em cada 3 ou 4 mil indivíduos do sexo masculino. “Hipoteticamente, 375 nascidos em 2017 podem desenvolvê-la e o custo anual seria de R$ 3,375 bilhões para que tivessem tratamento igualitário. A conta não fecha”, afirmou.
Em países como a Inglaterra, Canadá e Suíça, os limites da integralidade são claros. Por isso, alertou, quando o médico faz uma prescrição, tem que ter noção do impacto que isso traz, assim como o juiz ao proferir uma sentença. “É uma discussão ética difícil, mas necessária”, finalizou.
A desembargadora Vilma Rezende, do Tribunal de Justiça do Paraná, falou em seguida sobre a responsabilidade civil do médico, abordando o novo Código de Ética Médica, que entrou em vigor neste ano, em 30 de abril. Fez uma análise de diversos artigos, citando casos julgados no órgão.
Atualização científica
O primeiro dia de palestras foi encerrado pelo tesoureiro da AMP e presidente da Ucamp, a Universidade Corporativa da entidade, Dr. José Fernando Macedo, que abordou dois temas: a relação médico-paciente e a atualização científica. Um vídeo especialmente produzido foi apresentado aos acadêmicos. Com o título “Cérebro de médico, coração de estudante”, o conteúdo destaca a importância da educação continuada, da renovação constante
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“Nossa profissão é o exercício de uma ciência que não para de evoluir, de modificar-se”, disse Macedo, lembrando que a formação do médico é composta por três fases: a graduação, a especialização e a atualização, que é para sempre. Nesse contexto, informou sobre a plataforma EduMedica, o braço online da Ucamp, que oferece conteúdos de Medicina, Gestão e Finanças e Humanidades, e explicou que a ideia é trazer o que existe de mais atual para o médico e profissionais de diferentes segmentos.
Sobre a relação médico-paciente, deu importantes dicas e alertou que ser médico vai muito além do que se ensina nos bancos escolares. “No consultório, vocês terão todos os dias a oportunidade de fazer o bem ao próximo”, concluiu.
Associativismo e convênios médicos
O segundo dia do módulo especial foi aberto pelo presidente da AMP, Dr. Nerlan Carvalho, que falou a respeito de associativismo, explicando aos acadêmicos o que é a AMP, sua trajetória em defesa da dignidade da profissão médica e os benefícios garantidos aos associados. Sobre convênios médicos, mostrou os diversos tipos, que são a medicina de grupo, as autogestoras, as seguradoras e os cartões de desconto, e destacou os artigos do Código de Ética Médica que preveem os direitos do médicos. Entre esses, o que estabelece que o médico não pode, em nenhuma circunstância ou sob pretexto, renunciar à sua liberdade profissional, nem permitir quaisquer restrições ou imposições que possam prejudicar a eficiência e a correção de seu trabalho.
Abordou, ainda, as várias formas de pagamento, o cálculo de receitas e despesas para a manutenção de um consultório e sobre o Sinam, o Sistema Nacional de Atendimento Médico (Sinam), oferecido pela AMP para quem não quer depender do SUS e não pode pagar por um plano de saúde. Aos futuros profissionais ressaltou a necessidade de união na defesa dos interesses e reivindicações da classe.
Na sequência, “Meios positivos de interação entre o médico, seus pacientes e as equipes de trabalho” foi o tema da palestra proferida pelo Dr. Luiz Ernesto Pujol, do Departamento de Defesa Profissional da AMP e também secretário-geral do CRM-PR. Ele orientou os estudantes a nunca deixarem de sorrir, “pois o sorriso quebra barreiras e contagia”.
No trabalho em equipe, pontuou a importância de atuarem com respeito e reconhecimento pelas atividades inerentes a cada um dos participantes. Afirmou também que a medicina é “o olhar com o prazer de poder servir” e salientou que a tecnologia vai avançar cada dia mais, “mas o que não podemos admitir é o risco de tornarmos nosso trabalho irrelevante”.
Previdência privada
Arnaldo Soares, da Mongeral, que comercializa o plano de previdência complementar oferecido pela AMP, detalhou os benefícios que o produto garante. “Não é aposentadoria. Trata-se de prevenção”, disse, acrescentando que o AMPPrev foi feito por médicos pensando nos médicos e proporciona, além da renda complementar por aposentadoria, pensão complementar por morte, renda complementar por invalidez, reposição de renda por invalidez temporária e capital para doenças graves. Elencou, ainda, alguns diferenciais em relação a outros do mercado. São eles: abatimento no imposto de renda, rentabilidade integral para o participante, não inclusão em inventário, não alienável ou penhorável, repasse de 100% da reserva ao beneficiário, rentabilização da reserva durante o período de benefício, sem taxa de carregamento, administração de 0,8% e disponibilidade imediata.
O secretário-geral da AMP, Dr. João Carlos Baracho encerrou as atividades do segundo dia falando sobre a realidade atual do mercado de trabalho médico. Segundo ele, o Brasil é o quinto do mundo em número absoluto de médicos, onde formam-se 22 mil por ano e com aproximadamente 400 mil profissionais registrados. Aconselhou, primeiramente, que os futuros profissionais especializem-se e informou sobre o Programa Médicos pelo Brasil, que prevê, ao todo, 18 mil vagas, com o objetivo de ampliar a oferta de serviços em locais de difícil provimento ou de alta vulnerabilidade, também formando especialistas em Medicina e Família.
Mostrou levantamento que indica a profissão médica como a que a população mais confia e concluiu afirmando que ainda há muito espaço para o trabalho médico, cuja taxa de desemprego é de apenas 0,8%.
Terceiro dia
No terceiro e último dia, a programação teve início com palestra sobre gestão organizacional e marketing pessoal, proferida pelo professor Reinaldo Martinazzo, responsável pelo marketing da AMP. Ele explicou que o marketing é a área que mais se inter-relaciona com o mercado e salientou a importância de se compreender o consumidor/cliente com as suas necessidades.
A Semana Acadêmica foi encerrada pelo coordenador da EduMedica, Dr. Eugênio Mussak. “O médico, a ciência e a carreira” foi o tema. Ao final, por solicitação da AMP, foram feitas sugestões pelos acadêmicos sobre assuntos que gostariam de aprender e podem vir a integrar o próximo módulo, em 2020. Informações sobre como abrir uma empresa, formas de contratação dos médicos e o que é necessário para entrar numa cooperativa, como o custo, por exemplo, entre outros, foram alguns dos temas propostos.
Alunos de Medicina participam de Semana Acadêmica na AMP
quinta, 05 de setembro de 2019
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