quinta, 10 de fevereiro de 2022
Trazer os acadêmicos de medicina e o jovem médico para o seu quadro associativo está entre os principais objetivos da Associação Médica do Paraná em 2022. Para isso, diversas ações estão sendo colocadas em prática, com a ideia de mostrar o que é a entidade, seu propósito e a importante contribuição que pode oferecer aos futuros profissionais e recém-formados, não somente no aspecto da capacitação médica contínua, por meio de sua universidade corporativa, mas na defesa da classe e da medicina, que vem sofrendo um crescente processo de verticalização, o que precariza o trabalho médico e compromete a qualidade do serviço de saúde à população.
Para dar início às atividades do ano com essa finalidade, a AMP reuniu coordenadores de cursos de medicina do Paraná e diretores da Associação dos Estudantes de Medicina do Paraná (Aemed-PR). O encontro, no dia 26 de janeiro, ocorreu de forma híbrida, presencial e virtual, com a participação dos presidentes das regionais no estado e representantes de diversas universidades, entre elas a Universidade Federal do Paraná (UFPR), Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná, Universidade Positivo, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e UniCesumar.
Na abertura, o presidente da AMP, Dr. Nerlan Carvalho, informou que foi recriado o Departamento Acadêmico, que está sob a responsabilidade de três jovens médicos, os Drs. Bruno Ribas, Filipe Baracho e Rodrigo Macedo, e estabelecida uma parceria com a Aemed-PR. Ele mostrou dados de um estudo elaborado pelo assessor de marketing da entidade, Reinaldo Martinazzo, que traz um diagnóstico sobre a nova sociedade, os conflitos de gerações e o futuro do associativismo, e revela o afastamento do médico jovem paranaense das entidades representativas da classe médica. O levantamento aponta que um dos grandes desafios das organizações neste momento é fazer a integração entre as diferentes gerações, valorizando o que há de melhor entre elas.
“Nós temos batalhado intensamente para que os médicos jovens passem a integrar o nosso quadro associativo, mas não é tarefa fácil. Eles precisam de informação e isso pode ser feito por meio das faculdades de medicina”, afirmou. A solicitação é que as associações médicas tenham um espaço, durante a graduação, para informar aos acadêmicos sobre seus objetivos e iniciativas, e mostrar que, ao se associarem, eles passam a desfrutar dos mesmos benefícios garantidos ao médico sócio. Entre eles, o Sinam, que garante atendimento com valores diferenciados em consultas com especialistas, e em laboratórios, clínicas, exames, odontologia, psicologia, fisioterapia, além de descontos em farmácias, escola de inglês, estacionamento, academia e em diversas outras empresas parceiras da AMP, de variados segmentos.
O presidente citou, ainda, mais um diferencial ao sócio acadêmico: o desconto de R$ 150 na inscrição do Exame AMP, que, em 2021, contou com a participação de 31 Coremes e atrai, ano a ano, candidatos à residência médica de todo o país. “E quanto custa para o estudante de medicina passar a integrar a AMP? Apenas R$ 100 por ano, um valor que, dividido em 12 meses, é irrisório”, concluiu Dr. Nerlan.
Ucamp
Em seguida, o vice-presidente da AMP e presidente da Universidade Corporativa da entidade, a Ucamp, Dr. José Fernando Macedo, traçou um histórico da associação médica, suas lutas, e ressaltou que o futuro é do jovem médico. “Precisamos, portanto, fazer com que aqueles que ainda estão na faculdade percebam a importância das entidades, pois a medicina está sendo verticalizada e há uma grande preocupação em não ter o jovem ligado a quem o representa. Por isso, precisamos de um grande empenho junto às instituições de ensino, para que possamos acolher esses futuros profissionais”, alertou ele, que também é diretor de Defesa Profissional da Associação Médica Brasileira (AMB).
Ele destacou o amplo trabalho realizado na defesa do médico, citando como exemplo a negociação com os convênios, a assessoria jurídica gratuita oferecida ao associado e a Ucamp, criada para garantir educação continuada nos mais diversos temas relacionados às especialidades, clínicas e cirúrgicas, e à gestão hospitalar, entre outros. Informou que, para isso, a AMP construiu modernos estúdios de gravação. “Queremos contar com os coordenadores dos cursos de medicina, para que possamos fazer uma parceria em benefício de todos os médicos do estado”, frisou.
O coordenador da EduMedica, o braço online da Ucamp, Dr. Eugênio Mussak, também falou aos participantes da reunião e lembrou que historicamente, desde sua fundação, a associação médica tem responsabilidade na formação dos médicos. “Mas, é preciso a parceria com as universidades”, afirmou, chamando a atenção para a importância da comunicação nos mais diversos contextos, pois a forma como deve ser feita vem mudando ao longo dos anos. Ele ressaltou que hoje existe um esforço da AMP para melhorar a comunicação com o médico, com as escolas de medicina e, principalmente, com as novas gerações. “Este é apenas um primeiro momento. Nós precisamos estar mais juntos porque dependemos desta aproximação para aprimorar várias coisas, como a qualidade do ensino e a relação do futuro profissional com a sua profissão e com as entidades que o protegem”, reiterou.
“Hoje, temos tecnologia para nos ajudar”, disse, referindo-se à educação a distância, e pontuou que a AMP viu essa necessidade e tem investido recursos próprios, com muito esforço, para a educação continuada do médico. “Nós, hoje, temos a capacidade de produzir coisas espetaculares e precisamos ouvir das faculdades qual é a sua necessidade, como podemos colaborar e crescer juntos neste projeto”, concluiu. Trechos de diversos vídeos foram passados aos participantes, para demonstrar a qualidade do material já produzido.
Revista Médica
“Como nós podemos melhorar as faculdades e os alunos que nelas estão?”. A indagação é do Dr. Osvaldo Malafaia, também ouvido pelos participantes. Professor da Universidade Evangélica Mackenzie do Paraná, ele é novo editor da Revista Médica da AMP, publicação científica criada pela primeira diretoria da entidade, há 88 anos, e, desde então, nunca interrompida.
O convite ao Dr. Malafaia se deu por sua grande experiência. Ele foi editor-chefe dos Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva (ABCD), revista do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva, que hoje é a primeira no ranking da América Latina na especialidade, com o maior índice de impacto, além de estar na 122ª colocação, na base Scopus Scimago, dentre 455 revistas de todo o mundo na área cirúrgica.
“Para uma revista ser internacional, ela tem que estar catalogada, indexada, nas bases mundiais que todos conhecemos, para garantir sua visibilidade no mundo inteiro. Entendendo que, como associação médica, nós temos a obrigação de fazer melhores médicos e melhores escolas médicas, propusemos fazer da Revista Médica da AMP uma revista moderna, com outro nome, com outra configuração, mantendo a qualidade”, disse.
Segundo ele, a publicação pode ajudar as faculdades de medicina quando da sua avaliação pelo Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior), no aspecto do indicador de produção científica. “Cada professor tem que ter três publicações por ano, durante três anos, período de avaliação. Ou seja, nove publicações. E a AMP pode oferecer uma oportunidade legal e correta em prol das faculdades”, afirmou. Ele exemplificou que os instrumentos que os congressos têm nos seus anais, hoje, podem valer para o curso de medicina. Portanto, suplementos podem ser produzidos, o que é importante também para os alunos, e já são padrão nas revistas.
No caso de um evento nos moldes do Conciam (Congresso Científico dos Acadêmicos de Medicina), em Curitiba, que chegou à sua 34ª edição em 2021, com 160 trabalhos originais e 150 pôsteres com resumos apresentados, é preciso somente que os professores orientem seus alunos e a publicação sai junto com eles em um suplemento, pois este deriva de uma atividade universitária. “Então, as faculdades, para poderem ter número suficiente de qualificação do seu corpo docente, têm que começar a pensar em fazer eventos institucionais e trazer os alunos”, assinalou, acrescentando que a AMP pode colaborar com a publicação do conteúdo neles apresentados.
O professor adiantou que, na modernização da revista, serão criadas áreas, entre as quais o chamado espaço universitário. A AMP pode, dessa forma, obedecendo às normas exigidas pelo Sinaes, ajudar e orientar todas as faculdades do estado.
Bom resultado
As informações repassadas pela entidade na reunião foram bem recebidas pelos representantes das universidades e novos encontros devem ser agendados.
JAMP
No esforço de aproximar o jovem médico e os acadêmicos de medicina, o JAMP também passou, desde a última edição, publicada em dezembro, a dedicar um espaço exclusivo a eles, denominado Jovem Médico em Foco. A proposta é mostrar a função da associação médica e abordar temais gerais de interesse dos futuros profissionais, como, por exemplo, a gestão de um consultório e o relacionamento com os convênios, entre outros.