A Associação Médica do Paraná realizou, entre os dias 5 e 9 de novembro, mais uma edição da Semana Acadêmica. O evento, um módulo especial destinado a alunos do décimo período do curso de Medicina, é promovido duas vezes por ano. Nos cinco dias de palestras e aulas, com a participação de 45 estudantes da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná (Fepar), foram abordados temas que farão parte da rotina dos futuros médicos, entre eles a realidade atual do mercado de trabalho, relação médico-paciente, ética profissional, responsabilidade civil do médico, marketing e gestão, atualização científica e judicialização da saúde.
A abertura foi feita pelo presidente da AMP, Dr. Nerlan Carvalho, que destacou a importância da atividade e explicou aos acadêmicos o que é a AMP, sua trajetória em defesa da dignidade da profissão médica e os benefícios garantidos aos associados, como o atendimento gratuito pelo Departamento Jurídico nas áreas civil e ética, o plano de previdência AMP-Prev e inúmeros convênios. Também detalhou o Sistema Nacional de Atendimento Médico (Sinam), oferecido para quem não quer depender do SUS e não pode pagar por um plano de saúde, e a Universidade Corporativa da Associação Médica do Paraná (Ucamp), além de abordar a legislação relacionada ao exercício da medicina no Brasil e a situação crítica da saúde, com mais de 34,2 mil leitos do SUS fechados nos últimos oitos anos e uma defasagem de honorários que, entre 2008 e 2014, já somava 1.300%.
Como mensagem aos futuros profissionais, salientou a importância da união. “Se não tivermos unidade e representatividade, a classe médica estará exposta”, concluiu.
Ucamp
O presidente da Ucamp, Dr. José Fernando Macedo, falou dos principais objetivos da universidade virtual, lançada há um ano, e informou que o conteúdo do portal é dividido em três áreas, Medicina, Gestão e Finanças e Humanidades. A ideia é trazer o que existe de mais atual para o médico e profissionais de diferentes segmentos. Hoje, já podem ser acessados mais de 200 vídeos. Até o dia 20 de dezembro, o acesso é gratuito. Também responsável por falar aos alunos sobre a relação médico-paciente, ele deu valiosas dicas e uma receita de sucesso: “sempre trabalhem bastante, estudem e sejam carinhosos com seus pacientes”.
Judicialização da saúde
A judicialização da saúde foi tema da palestra proferida pela juíza federal Luciana da Veiga Oliveira, coordenadora do Comitê Executivo da Saúde no Paraná. Ela mostrou os modelos de saúde adotados em diversos países e traçou um histórico do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil desde sua criação até o período atual, destacando que 70 a 80% da população dependem do SUS e o número de processos ajuizados tem aumentado. De 392 mil em 2014, saltou para 1,3 milhão, em 2016. Somente no Paraná, o valor envolvido na distribuição de medicamentos para cumprimento de ordens judiciais chegou a R$ 194,8 milhões no ano passado.
De acordo com a magistrada, os fatores que induzem a judicialização são o subfinanciamento, confiança no sistema implantado, ausência de limites claros e objetivos, descumprimento das políticas públicas, falhas na gestão e pressão da indústria. As consequências positivas deste fenômeno, avalia, são a demonstração das falhas, melhora na gestão e a criação de novas políticas públicas. A negativa é a desorganização do sistema e das finanças, por imposição de gastos não previstos. E como os médicos podem ajudar? Entre as orientações da juíza estão a prescrição de medicamentos somente pela Denominação Comum Brasileira (DCB) ou, na sua falta, a Denominação Comum Internacional (DCI), o esgotamento das alternativas de fármacos previstas na Relação Nacional de Medicamentos (Rename) e a justificativa da necessidade quando da prescrição de algo não oferecido pelo sistema.
Operadoras de saúde e cooperativismo médico
Os desafios demográficos, epidemiológicos e sociais na área da saúde foram abordados pelo Dr. Marlus Volney de Morais, da Unimed Paraná, na palestra intitulada “Coordenador do cuidado perfeito: uma necessidade da sociedade atual”. Segundo ele, hoje temos um sistema preparado para a agudização da doença e limitado para o acompanhamento da cronicidade da doença e das necessidades de saúde. Um sistema público predominantemente generalista e um sistema privado predominantemente especialista.
As novas tendências e premissas da assistência com qualidade, informou, são a humanização, a medicina personalizada, atenção primária à saúde, cuidado perfeito, centrado na pessoa e medical home. Como boas práticas, oferecer o melhor e mais atualizado conhecimento, em tempo oportuno, com menor risco, equidade, ao maior número de pessoas.
Outros temas importantes
A responsabilidade civil do médico foi abordada pelo advogado Carlos Alberto Moro, do Departamento Jurídico da AMP, e previdência privada foi o tema de Fabiano Sponholz, também advogado, que detalhou os benefícios da AMP-Prev. O Dr. Luiz Ernesto Pujol, do Departamento de Defesa Profissional da associação, orientou os estudantes sobre “Como fazer suas equipes e pacientes gostarem de você”. Gestão organizacional e marketing pessoal foram abordados pelo professor dos cursos de comércio exterior e administração da Universidade Positivo, Reinaldo Martinazzo, responsável pelo marketing da AMP, que, numa dinâmica apresentação, explicou que o marketing é a área que mais se inter-relaciona com o mercado e salientou a importância de se compreender o consumidor/cliente com as suas necessidades. Repassou, ainda, em conjunto com a assessoria de imprensa da entidade, informações sobre como se relacionar com a imprensa.
A Semana Acadêmica foi encerrada com a palestra “Associativismo”, proferida pelo Dr. João Carlos Gonçalves Baracho, secretário-geral da AMP. Após detalhar o papel da associação na luta pelos direitos e melhoria da profissão e os benefícios oferecidos, afirmou que o “o associativismo é um estilo de viver a medicina junto com os pares”, convidando os acadêmicos a, desde já, se associarem.
Para o aluno Paulo Vitor Coan Tenorio, a semana de palestras e aulas cumpriu seu objetivo. “Acho imprescindível termos contato com os profissionais da AMP, pois ajuda no preparo sobre questões práticas da profissão que não temos nos livros. Com estas informações conseguimos ficar alertas para o que nos espera à frente”, afirmou. A opinião é compartilhada com Eduarda Furstemberger, que avaliou ser muito importante, como estudante, ter contato com o lado prático da profissão e o funcionamento das entidades médicas. Vanessa Bianchini Fernandes e Fernanda Gabriel Witzel também destacaram o aprendizado com temas diferentes do que vivenciam no dia a dia da faculdade, como, por exemplo, a atitude que o médico deve ter como gestor do seu consultório.
A próxima Semana Acadêmica está prevista para o primeiro semestre de 2019.
AMP realiza com sucesso mais uma Semana Acadêmica para alunos de Medicina
terça, 13 de novembro de 2018
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